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Foto: Renan Mattos (Diário)
Em um ano em que Santa Maria, a exemplo dos 5,5 mil municípios brasileiros, lida com os mais variados efeitos pandêmicos, o que os gestores querem é uma coisa só: a possibilidade de incremento de dinheiro no caixa. Acontece que, para três cidades do país, o 2021 traz essa esperança. E o que elas buscam, ao mirar em um presente de maior estabilidade, bem como um futuro mais próspero, é a instalação da Escola de Formação de Sargentos das Armas (ESA). Ela está sediada há mais de sete décadas em Três Corações (MG), e o Exército sinalizou, ainda no ano passado, que o município mineiro já não comportava a estrutura e, com isso, decidiu que um novo local seria buscado.
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Inicialmente, 16 cidades de norte a sul do país estavam no páreo para a unidade educacional militar. Depois em uma espécie de competição nacional, Santa Maria avançou para um grupo ainda menor: de oito concorrentes. Até que a disputa foi afunilada, e sobraram três.
TRADIÇÃO
A tradição militar do quinto maior município gaúcho que contabiliza o segundo maior contingente de militares do país somada à gigante alemã KMW, sediada às margens da BR-287, em Santa Maria, que desde 2014 faz a manutenção de blindados, foram pontos que levaram Santa Maria para a final.
O Diário falou com um integrante do Exército envolvido nas tratativas, que sustenta que "Santa Maria, do ponto de vista militar, já está pronta" para receber a ESA. Mas para que a "cidade dos quartéis" se torne, ainda mais, o berço da "família militar", é preciso vencer a batalha, avalia o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB).
EXPECTATIVA
Para garantir essa importante virada de chave para o município, já há uma ampla articulação política e econômica que envolve e movimenta diferentes setores da sociedade. Diversas relações foram estreitadas entre prefeito, governador, deputados, senadores, comando do Exército e vice-presidente. O otimismo de Pozzobom é com base no que Santa Maria tem - colégio e hospital militar próprio, hotel de trânsito, unidades militares - e também com o que já está garantido caso a ESA venha:
- Nós mostramos que todos os critérios técnicos, exigidos pelo Exército, são atendidos por Santa Maria. Temos já garantidos acréscimos das demandas de água, esgotamento e de energia elétrica. O governador Eduardo Leite sabe que Santa Maria é o Rio Grande do Sul nessa disputa e acenou claramente que tudo que for necessário para trazer a ESA, será feito.
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Comércio e serviços garantem suprir novas demandas
Não é apenas o Executivo municipal que está empenhado pela preferência por parte do Exército. Com a provável injeção de R$ 1 bilhão na economia local, o empresariado também se mostra empolgado e oferece todo apoio possível. Até porque, com a expectativa de chegada de mais de 6 mil pessoas à cidade, todos lucrariam.
Afinal, o público seria a garantia de clientela junto ao varejo, comércio, serviços, e demandaria por mais vagas nas áreas educacional, da construção civil, considera a maior indústria da cidade, e, ainda, a rede hoteleira.
Os nomes das duas mais representativas entidades da sociedade civil - Cacism e Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) - estão engajados pela bandeira da ESA. Luiz Fernando Pacheco (presidente da Cacism) e Samir Samara (do Sinduscon) demonstram a receptividade do empresariado local para com os novos moradores em potencial.
Para Pacheco, a sociedade civil da cidade está engajada:
- Do ponto de vista da disputa com as outras cidades, é preciso dizer que Santa Maria tem grandes vantagens. A torcida de todos os setores representativos e dos mais variados segmentos é que a ESA virá.
O posicionamento de Samara também é de união de esforços para o município conquistar o investimento previsto:
- O Sinduscon trabalha para atender as demandas da construção civil e de infraestrutura necessárias.
Ambos afirmam ser possível suprir as demandas, bem como as expectativas do novo público. Agora, cabe ao empresariado local se preparar para a missão.
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Ganho imediato e a longo prazo
A instalação da Escola de Formação de Sargentos no município, se concretizada, trará um novo ciclo econômico de desenvolvimento para o município. A avaliação é do economista e professor da UFSM, Daniel Coronel. De início, serão injetados mais de R$ 1 bilhão para a construção do empreendimento e, depois, haverá o acréscimo anual de R$ 250 milhões somente em folha de pagamento (leia mais ao lado).
O "efeito multiplicador" disso, aponta Coronel, é que o desenvolvimento econômico se dará em todas as esferas produtivas: construção civil, setores de alimentação (restaurantes e supermercados), rede hoteleira, entre outros.
Ao somar, o efetivo de alunos (2,2 mil) e os familiares, a escola movimentará um público de mais de 6 mil pessoas. Atualmente, a "família militar" conta com cerca de 18 mil pessoas na cidade.
ENTRAVE
Uma situação, contudo, mostra-se como um possível entrave frente às demais concorrentes: o fato de Santa Maria ainda não ter voos diretos para São Paulo. Porém, o prefeito assegura que essa situação será revertida já neste ano. Isso porque a Gol anunciou que tem planos de ampliar os voos no Estado. Na esteira dessa expansão, Santa Maria teria, já a partir do segundo semestre, conexão com São Paulo.
(Colaborou Gabriele Bordin)
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O QUE É O INVESTIMENTO
- O Exército aportará R$ 1,2 bilhão na construção do complexo
- O valor contabiliza, ao todo, mais de 40 prédios
- A estrutura, uma vez construída, prevê ainda uma nova vila militar (a ser erguida no Bairro Caturrita)
- Por ano, com folha da pagamento dos mais de 2,2 mil alunos, a prefeitura teria um acréscimo de R$ 250 milhões em receita
A CIDADE DOS MILITARES
- São 9,5 mil homens e mulheres e 22 organizações militares (segundo maior contingente do país, atrás apenas do RJ)
- Ao considerar a 3ª Divisão do Exército (3ª DE), com sede em Santa Maria, são mais de 15 mil militares e 47 organizações militares